sexta-feira, 24 de dezembro de 2010



E todo o ar que respiro é passageiro e sopra sobre minha pele.

E todo o chão que piso é passageiro e corre sob meus pés.

E toda a matéria que toco é passageira e escorre pelas minhas mãos.

E todo o pensamento que tenho é passageiro e flui para o infinito...

domingo, 5 de dezembro de 2010

Existir é ouvir atentamente o silêncio da pedra caindo no poço da alma.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Razão pra quê, se as emoções são mais sábias do que os pensamentos?

sábado, 9 de outubro de 2010

A Realidade, essa da qual tanto falam, a qual tanto reivindicam e defendem, não passa de uma abstração inimiga.

domingo, 12 de setembro de 2010

De quantos muros é feita a cidade?
De quantos tijolos são feitos os muros?
De quantos tijolos é feita a cidade-muro?

Quantos cantos são formados por muros?
Quantos vãos existem entre os muros?
Quantos vãos existem entre os tijolos dos muros da cidade?

Quanto de dor existe em cada tijolo?
Quanto de amor existe em cada vão?
Quanto de esperança existe em cada canto?
Quanto de medo existe em cada muro?

Do quanto de cidade-muro é feita a alma humana?

sábado, 28 de agosto de 2010

720 pontos em direções opostas e desopostas ao mesmo tempo/não-tempo

É como se o corpo não fosse arquitetado para suportar tantos sentimentos e sensações com tanta intensidade.

É como se as palavras, as imagens, o mundo que conheci já não tivessem nada a ver com o que experiencio.

É como se eu me desmontasse e remontasse milhares de vezes, procurando a melhor forma para ressoar os acordes dessa melodia.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Realidade é subjetividade impressa e imposta


Acordei para cuspir,

E do cuspe se fez o Universo.

domingo, 11 de julho de 2010

Quando Deus disse "E faça-se a luz", que idioma ele usou?







Qual a melodia das trombetas do Apocalipse?

sábado, 10 de julho de 2010

O Gato da Rua da Girafa me falou:


"Talvez as coisas não estejam bagunçadas, só arrumadas de outra forma."



sexta-feira, 2 de julho de 2010

Eles perderam o jogo

Hoje, meu amigo Lelé me escreveu a seguinte mensagem:

"Engraçado... Estou presenciando um luto coletivo! KKK
No trem ninguém ri... Nem as crianças... ¬¬' "

Talvez, dentro de nós, haja algo de aspirante a ser humano, pois percebe-se uma ânsia por emocionar-se, enfurecer-se, alegrar-se e entristecer-se, mesmo que não saibamos para quê, por quê, ou por quem sentir tais coisas.

E não perca, a qualquer momento (ou não), mais um episódio de "Robôs Somos Nós"!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Noite fria, cabeça quente.

Vento frio, fumaça quente.

Estômago frio, pastel quente.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Desconstrução de mim mesmo

Quando eu vi o café quente pousar sobre a xícara, Cheguei a pensar que eu era esta xícara. Perguntei-me então: "Será que virão duas colheres de açúcar, ou só uma? Ou será que este café ficará amargo mesmo?".
O café, apesar de quente, tinha um gosto de café adormecido, requentado. Foi misturado a um pouco mais de uma colher de açúcar, levado a boca e rapidamente engolido. Naquele momento, percebi que eu não era a xícara.
Quando a faca tocou a carne e a cortou, fazendo o sangue escorrer, pensei eu ser a faca, aquela lâmina afiada que intervia sobre a pele e modificava ali aquela realidade de existência, de segurança e conforto. No entanto, quando o sangue espirrou sobre a mão, percebi que eu não era aquela faca. Eu não era a faca. Talvez eu fosse a mão que esfaqueava, mas isso eu não sabia, pois ela estava infurecida de uma forma que eu jamais me ví (se é que eu já me vi de alguma outra forma).
Era manhã na cidade, por volta das oito horas. Muitos, mas muitos mesmo, muitos motores surgiam e rugiam como leões famintos de carne e de sangue. Estes rugidos até pareciam os rugidos daqueles gárgolas que viviam nas copas dos prédios, deliciando-se da visão dolorosa daqueles que rastejavam sobre a calçada quente naquela manhã ensolarada. Pensei eu então ser aquele pacote de salgadinho que estava jogado na guia. O vento soprou e ele então saiu voando, voando por entre a poeira, a fumaça quente e o vapor das transpirações daqueles seres que por ali passavam. Mas quando vi que aquele pacote de salgadinho não teria um paradeiro, vagaria sem rumo por séculos e séculos, atrapalhando e poluindo e decorando aquela paisagem de mundo, eu percebi que também não era o pacote de salgadinho.

sexta-feira, 9 de abril de 2010



Quem é esse ser que habita debaixo da minha cama?
Quem é esse ser que se projeta na superfície do metal, do vidro, da água?
Quem é esse que contesta o que falo e o que faço?
Por que chamar de Eu alguém que não conheço, não quer ser conhecido e prefiro não conhecer?
Quem é esse ser mutável, que ao buscar transformar-se, transforma também o que há à sua volta?
Quem é esse que rejeita qualquer identidade e qualquer forma estática e determinada?
Quem é esse que morre e renasce ao perceber sua própria existência?
Quem é esse ser brando e eufórico, volátil como o Éter?
Ora sou, ora não sou.
Ora estou, ora não estou.
Como uma supernova originando o Universo,
Como um buraco negro transformando Tudo em Nada,
Como a matéria que habita o vácuo,
Como o vácuo entre as matérias.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Por trás dos óculos,
Todos os olhos são nus.

Por dentro dos sapatos,
Todos os pés são descalços.

Por baixo do cabelo,
Toda cabeça é careca.

Por baixo da roupa,
Todo mundo é pelado.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Ontem à noite eu vi Deus.
Ele era um mosquito pequenino pousado num fio que pendurava um amuleto no meu quarto.
Cantei para ele e, em retribuição, ele me mostrou o quão grande e infinito é.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Palavra e Perfeição

Sim, tenho mania de poeta.
Mania de querer escrever
Muitas coisas das que sinto.

Um dia desses eu falei
Que as palavras não são coisas
E de fato não as são.

Como poderia eu escrever o Sol
Com todo o seu tamanho,
Sua energia, seu calor?

Como poderia eu escrever uma flor
Com seu perfume,
Sua forma, Sua cor?

Como poderia eu escrever o amor?
Pobre de mim e da minha mente
Que abriga essa mania!

Mas sinto coisas
E quero expressá-las.

Gostaria de expressar com poesia
A perfeição da natureza,
Sua paz, sua liberdade.

Gostaria de expressar em poesia
Cada traço do teu sorriso,
Cada fio do teu cabelo,
Cada pinta na tua pele.

Mas as palavras só representam,
Não são.

Pois a perfeição está na natureza,
Nas coisas, nas pessoas,
Nos sorrisos, nos fios de cabelo,
Nas pintas da pele
E não nas palavras.