terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Pés no Chão

Hei vocês aí
Com seus motores,
máquinas, vias, rodovias.

Aonde pensam que vão
Com toda essa pressa?
A uma viagem intergalática?

Obrigado, não quero carona.
Para onde vou, posso ir a pé.

Só me façam um favor:
Respeitem os que não quiseram participar
Dessa suja guerra motorizada.

Para nós, bastam a terra e a paz;
Podemos ter tudo aqui.

Já vocês,
Aspirantes a viajantes intergaláticos,
Eu não os entendo.

E depois dizem que nós é que não temos os pés no chão.

A liberdade será minha ruína...


Mas que deliciosa ruína!

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O ritual de adoração aos motores

Os costumes de diversos povos sempre foram objetos de profundos estudos, e não à toa. Muitos intelectuais se dedicaram a investigar os rituais e os mitos a fim de compreender as relações que estes povos tinham com a natureza, com o desenvolvimento humano, com a violência e com as técnicas e tecnologias.

Há, na sociedade onde vivo, o curioso ritual de adoração aos motores.
Os monstros ruidosos devoram um líquido sagrado - que é conseguido a custa de muitas vidas - enquando correm dando voltas, cada um com um homem em seu dorso.

É permitido a alguns humanos que assistam a esse impressionante evento, mas para isso têm de pagar uma grande quantia em dinheiro aos deuses e semideuses que governam a sociedade. Aqueles que não conseguem tal privilégio são mantidos à distância, como ordenam as leis divinas.

Este ritual, tão importante para a manutenção da sociedade e da fé nesta cultura, não pode ser violado em hipótese alguma, por isso soldados são espalhados pelas redondezas da arena onde correm os monstros, a fim de assegurar que os humanos que vivem na região não cheguem perto, nem tentem se apossar das moedas que frequentemente caem dos bolsos daqueles que puderam assistir o evento.

Ao fim dos dias de ritual, os monstros, já cansados, são desmontados e recolhidos; os deuses e semideuses voltam para o seu Olimpo; são levantadas bandeiras com diversos brasões, e imagens dos homens que estiveram no dorso dos monstros são espalhadas pelo mundo; os privilegiados que puderam ver todo este espetáculo místico voltam para suas casas (em geral longe da arena) e, finalmente, os meros mortais que foram mantidos à distância podem voltar para suas rotinas com um renovado respeito pelos motores, respeito que se deve talvez pelo temor de serem eles os próximos devorados por aqueles monstros que rugiram alto por dias.

domingo, 20 de novembro de 2011

Só tendo a força do rinoceronte para suportar a leveza do passarinho.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

É daqui a pouquinho... estão brotando as sementes desse tal de novo mundo!
Tudo mudando... é tempo de recomeçar, mas dessa vez com um novo fôlego, novos olhares, novas linguagens, novas vozes.
Pois é... é nisso que dá viver!

quarta-feira, 7 de setembro de 2011


Noite fria, cabeça quente.

Vento frio, vapor quente.

Estômago frio, café quente.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Faz tempo que não chove aqui, dentro de mim...
O céu se anuvia sempre, relampeja e tudo mais, mas a chuva demora, demora, e acaba não caindo.

Admiro as pessoas chuvosas, os vários tipos;
As tempestuosas e as garoentas também.
Pelo menos elas chovem, e lavam seus telhados poluídos, irrigam seus solos...

Minha chuva é rara, às vezes cai umas gotinhas, mas o céu continua carregado.

Minhas plantas parecem que não dependem da chuva para crescer.
Crescem por si só, com o solo seco mesmo,
Ou talvez irrigadas pelo sangue que é derramado nas guerras tão comuns nesse território.

sábado, 30 de abril de 2011

Tem vezes que quero,

Tem vezes que faço,

Tem vezes que quero fazer,

Tem vezes que tudo o que faço é querer.

domingo, 10 de abril de 2011

EntreTempo


Versão feita especialmente para a exposição "como a matéria que habita o vácuo", Abril de 2011.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Da Imagem

A imagem substitui a verdadeira experiência sensorial.
A imagem não existe, é um falso consenso sobre a existência das coisas.
A palavra não existe, palavra é imagem falada.
A escrita é palavra - ou seja, a imagem falada - retransformada em imagem.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Naquele momento, o mesmo pensamento ocorreu a todos. "Ele foi o primeiro a ficar cego. Talvez todos recobremos a visão."
A comemoração não era inteiramente por ele.
Nos próximos dias, nas próximas semanas, ninguém dormiria de tanta ansiedade.
Veriam novamente. Desta vez iriam realmente ver.
Quem seria inseguro a ponto de prender-se ao cobertor da cegueira?
Quem seria tão tolo a temer que sua intimidade fosse perder-se?
E essa mulher que estava tão estranhamente calada, e que havia suportado tal fardo, e que, agora, estava repentinamente livre?
Ela já podia imaginar as vozes da cidade gritando "Posso ver!"
"Estou ficando cega", pensou.
(extraído do filme "Ensaio Sobre a Cegueira", de Fernando Meirelles)

sábado, 8 de janeiro de 2011

Penso... Vazio!

Penso eu que penso muito, muito mesmo... Penso sobre o amor, sobre as pessoas, sobre o universo, sobre o mundo, sobre o não-mundo, sobre o pensamento e, no fim das contas, todo esse pensamento é sobre mim.
Penso sobre tudo... mas não falo sobre tudo.
Só falo de mim, não sei falar de outra coisa. E, ainda assim, tudo que sei é nada. Não há certeza, não há verdade, não posso afirmar nada sobre mim.
"A vida é feita mais de perguntas do que de respostas", dizem.
Talvez "resposta" seja só uma mentira inventada para aliviar a sensação de vazio causada pela pergunta.
Mas porque fugir desse vazio, se ele sempre volta, sempre reivindica o reconhecimento da sua existência? Porque ignorar o que talvez seja a única prova de nossa existência?

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Culinária & Utopia


Há de chegar o dia em que Culinária e Revolução serão sinônimos!


Bolo Vegano de Beterraba

- 1 beterraba grande ou 3 pequenas (150g);
- 1/2 xícara de óleo;
- 1 e 1/2 xícara de água;
- 2 xícaras de açúcar;
- 3 xicaras de farinha e trigo (pode ser metade integral, metade refinada);
- 1/2 colher (de sopa) de fermento em pó ou 2 colheres (de chá) de bicarbonato de sódio;

Rale a beterraba e bata junto com o óleo e a água no liquidificador até virar um líquido homogêneo.
Em um recipiente separado misture os ingredientes sólidos (açúcar, farinha e fermento) e, em seguida adicione a mistura líquida.
Misture bem, até ficar homogêneo .
Coloque a massa numa forma (daquelas com o furo no meio) untada com óleo e farinha, leve ao forno pré-aquecido a 240ºC e deixe assar por uns 35 minutos.